sexta-feira, 25 de junho de 2010

Trabalho: Capa Revista Love


O presente trabalho pretende fazer uma análise da imagem de capa da revista Love, uma publicação da Condé Nast, comandada por Katie Grand (fundadora da revista Pop); que traz a modelo Agyness Deyn (foto ao lado); com embasamento no instrumento semiótico discursivo por sua metodologia e estrutura.
Como ocorre na semiótica, a imagem de moda é dinâmica e esta sempre pautando a inúmeras mudanças e perspectivas que acontecem a todo tempo.

E se, analisada por essa perspectiva de estudo proporciona uma gama muito maior de possibilidades como também a proliferação de seus sentidos. É interessante ressaltar aqui que esse tipo de análise vale para quaisquer outros tipos de mídias de moda.

Através do estabelecimento de relações que a própria teoria permite é possível se elevar o diálogo dos mais diferentes aspectos que o compõe, se assim estabelecer significações e compreender o que além da imagem esta se transmitindo ou procurando subentender-se.

Toda e qualquer imagem de moda veiculada, nas suas mais diferentes formas e nuances possíveis, é muito diversa tanto estética quanto conceitualmente.
Assim, no decorrer da análise vou procurar contrapor significantes visuais (o que se procura expressar) e o significado (seu conteúdo).

O estudo cromático como o dos formantes eidéticos (que estudam as formas) e os topológicos (que situam no espaço) dão conta do que diz respeito ao plano da expressão como também busca elucidar as características de cada um dos formantes presentes na imagem. Assim torna-se possível também estabelecer um elo entre eles como também o que demanda a partir deles.
Quais os sentimentos, manifestações, empatias e repulsa que eles fazem emergir após nosso olhar pousar sobre ela.

No que diz respeito à análise cromática, sabemos o quanto as cores influenciam psicologicamente o ser humano. Algumas servem como estimulantes, alegres, otimistas, outras serenas e tranqüilas, dentre outros estímulos.

E, assim que o homem conseguiu estabelecer essas relações (cor – sensações), passou a usar as cores a seu favor, objetivando as respostas desejadas nas mais diversas situações, e foi então que muito além das finalidades estéticas a cor passou a ter também finalidades e funcionalidades práticas.
Na imagem, em estudo, temos um predomínio nítido dos tons azulados e um pouco acinzentados; podemos aqui destacar algumas intencionalidades propostas, relacionadas a essas cores.

A cor AZUL traz clareza mental. Produz tranqüilidade, ternura, afetuosidade, paz de espírito e segurança. Promove o entendimento entre as pessoas. Favorece as atividades intelectuais e a meditação. Simboliza também devoção, fé, aspiração, sinceridade, lealdade e confiança. Além de transmitir a sensação de frieza.

Já no sentido metafórico podemos nos lembrar de quando nos referimos à nobreza, ao imperialismo e a distinção de pessoas se referindo ao “sangue azul”.

O CINZA/PRATEADO dá a sensação de equilíbrio e estabilidade, Tem a função de anular ou neutralizar sensações ou efeitos que não servem aos propósitos pretendidos.
As cores e contrates que iluminam a imagem remetem as significados de poder e dinheiro, além de rejuvenescer e trazer charme; constrói a noção de confiança, de poder de persuasão, energia, inteligência, conhecimento, alegria, juventude e nobreza.

Assim, é possível observar claramente a intencionalidade e uniformidade dessas escolhas, os tons claros, luminosos e ensolarados pretendem chamar e dão ainda mais destaque para o alto, para a parte superior da imagem; dão essa noção de ostentação, da supervalorização ao que é luxuoso e automaticamente a imagem embuti inconscientemente a sensação de que a utilização dessas cores vai fazer atrair todos os valores e conceitos nela subentendidos.

O VERMELHO é a cor mais quente, ativa e estimulante. Fortalece o corpo, dá energia física, impulso sexual, força de vontade, a conquista, a liderança e senso de auto-estima. Além de simbolizar perigo, fogo, sangue, paixão, destruição, raiva, guerra, combate e conquista; cor de aproximação e encontro.

É a única cor que destoa de todo contexto, o vermelho da boca vem com o propósito óbvio de chocar e porque não dizer afrontar, deixando expressos aqui inúmeros significados como a sensualidade, o fálico, o carnal, a força, o poder. Atraem o olhar automaticamente para essa região da imagem e fazem gerar desejos e sentimentos que permeiam a vasta gama de significações que essa cor transmite.

Quanto aos formantes eidéticos presentes, a análise pode ressaltar, confirmar e enfatizar ainda mais as relações de intencionalidades existentes entre significantes visuais (expressão) e significados (conteúdos) e ainda estabelecer relações diretas com o estudo cromático.

A imagem encontra-se disposta de forma verticalizada, às linhas verticais destacam-se em todo contexto e remetem a questões de status, de uma imagem aristocrática, de poder que apontam para o alto, como linhas góticas, que culminam em uma pequena coroam que, como um ponto final, encerra; findando com tudo a que se pretendia dizer ou expressar.

Levando se em conta a história da moda e suas expressões no tempo podemos esmiuçar os conteúdos que emergem como nas linhas dos ombros e braços quando era vista quase como um bibelô, esse movimento de mangas e ombros, prendia suas ações e expressões mais volúpias, além das luvas que eram indispensáveis em eventos sociais e situações públicas.

Com relação à forma da boca todos os símbolos expressos no estudo das cores, se aplicam nos formantes eidéticos, a expressão fálica no ângulo de abertura deixa explícitos os interesses a serem transmitidos.

A análise permite ainda enveredar por outros inúmeros aspectos que mostrariam e confirmariam o que a imagem dessa edição da revista Love pretendia causar em seus leitores, compreendendo melhor o que se encontra subentendido em uma publicidade de moda veiculada; e assim, levá-los em consideração na execução de qualquer outra mídia desenvolvida na busca dos resultados pretendidos.

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